A revolução Nanotecnológica

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A aplicação de nanomateriais em novos produtos e a implementação de novos processos de fabrico constituem uma vertente da Nanotecnologia e, nesse sentido, vivemos na era Nano. A utilização de nanopartículas em conjunto com outros materiais, por exemplo matrizes poliméricas, permite a obtenção de uma diversidade de materiais híbridos funcionais ou nanocompósitos. Muitos destes materiais não são necessariamente novos ao nível da composição química, embora apresentem novas propriedades que resultam das respetivas misturas e ocorrência de elevado número de interfaces presentes à escala nanométrica. É bem conhecido que muito do que atualmente se prefixa com o termo nano, pouco ou nada acrescenta ao que já existia, tratando-se apenas de adaptar ferramentas instrumentais e teóricas, a sistemas constituídos por partículas mais pequenas. Em certas situações a utilização de nanopartículas pode ser vantajosa mas em outras pode não trazer qualquer benefício.

Modelo de uma máquina molecular (nanocarrinho). As moléculas de fulereno C60 correspondem às rodas e o chassis é constituído por um sistema molecular poliaromático. CC Image courtesy of Edumol Molecular Visualizations on Flickr (Link)

O termo revolução Nanotecnológica tem sido associado a outro tipo de aplicações. A ideia de revolução Nanotecnológica tem subjacente o desenvolvimento de um tipo de tecnologia completamente nova e que se aplica a uma escala (quase) molecular. O cientista norte-americano Richard Feynman (Prémio Nobel da Física em 1965) é considerado por muitos o pai da Nanotecnologia. A referência à sua Palestra de 1959 “There is plenty of room at the bottom”, é uma citação quase obrigatória no que diz respeito ao nascimento da Nanotecnologia. Nessa palestra visionária, Feynman adiantou a possibilidade teórica de se fabricarem à escala atómica, dispositivos funcionais que permitiriam um desempenho mais eficiente, mimetizando em alguns casos processos biológicos complexos, reinventando-se dessa forma o que se entendia por síntese química. Os desenvolvimentos nos últimos anos em estruturas supra-moleculares, as designadas máquinas moleculares (nanomachines), parecem ir nesse sentido. O Prémio Nobel da Química 2016 distinguiu precisamente três investigadores com contribuições fascinantes nesta área do conhecimento. Uma das ideias mais aliciantes para a utilização de nanomáquinas é no campo da Medicina, nomeadamente na reparação de material genético e tratamento de cancros. Por outro lado, a utilização de nanomateriais e a Nanotecnologia, no sentido lato, suscitam também dúvidas sobre segurança e impacto na saúde e ambiente. Como em qualquer outra tecnologia, é importante conhecer e avaliar impactos, de modo a que a sua utilização corresponda a um efetivo progresso, não apenas tecnológico mas sobretudo humano.

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